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Resenha - O Primogênito da Sabedoria, de Mikaela Gaelzer

Olá leitores, tudo certo?

Para mim, é um pouco complicado resenhar livros, principalmente de autores novatos. Por causa do conhecimento e experiência – e dos próprios erros que cometi quando comecei a escrever – que adquiri em meus anos como autor, é difícil para mim ver muito além das falhas e erros dos livros que leio. É difícil ver o livro apenas como um leitor, e não um editor.


Claro que existem coisas boas e ideias sensacionais, mas elas estão enterradas sob erros e amadorismos – alguns, absurdos. Para ser justo, falarei de três coisas boas e três coisas ruins. Aqui estão as minhas opiniões, então, depois que ler o livro, tire as suas próprias conclusões.

Hoje realizaremos a resenha de O Primogênito da Sabedoria, por Mikaela Gaelzer.

O Primogênito da Sabedoria conta a história de Nataniel, um jovem de Porto Alegre que, após ganhar uma bolsa de estudo na Universidade de Paris, viaja para a França. No entanto, sua vida muda completamente quando conhece a jovem Clarisse, uma mulher sedutora, de brilhantes olhos verdes e cabelos negros. Obviamente, ele se apaixona – até eu me apaixonaria.

Clarisse guarda um segredo, e este segredo envolve diretamente nosso herói.


SPOILER ZONE - VOCÊ FOI AVISADO

Nataniel é o primogênito da sabedoria, um nefilim especial que possui todo o conhecimento de presente, passado e futuro tatuado em sua pele – apesar de ficar invisível na maior parte do tempo. Diferente dos outros nefilins, ele não é imortal, contudo, ele reencarna cada vez que morre. Sua primeira vida, porém, aconteceu em Sodoma, milhares de anos antes.


Clarisse é um anjo caído que fora expulsa do paraíso justamente por ter salvado a vida de Nataniel em Sodoma. Por alguma razão – e confesso que fiquei um pouco confuso com essa parte – Clarisse ama Nataniel em cada uma de suas vidas, mas sempre que se reencontram, algo acontece que tira a vida do rapaz e Clarisse volta a solidão e passa a procurar a nova encarnação de Nataniel.


Em sua última encarnação, nos tempos modernos, Nataniel é perseguido por anjos e demônios, que tentam adquirir o conhecimento que ele possui. Clarisse, com a ajuda de outros anjos caídos, busca fazer o possível para proteger o rapaz. Não vou estragar o final do livro para você, já que a reviravolta no final é uma das melhores coisas sobre esse livro.


P.1 – Personagens. O ponto mais forte deste livro são os personagens. Cada um tem sua personalidade bem definida e única. Francesco é meu favorito, apesar de ser um pouco bonzinho de mais e meio trouxa quando se trata de Clarisse, que inclusive, a melhor personagem desse livro. Ela é muito bem escrita – apesar de algumas de suas decisões me irritarem bastante – e consistente; é uma mulher forte, intensa e uma líder nata. Se o livro fosse cem por cento no ponto de vista dela, eu teria gostado muito mais, já que eu não gosto de Nataniel. Ele é um protagonista passivo – o que é algo valido, não se enganem –, mas não é tipo que me chama atenção.


N.1 – Não houve uma construção de roteiro. O livro não foi planejado e isto é aparente na construção da história. É muito comum que autores não gostem de planejar cada detalhe de seu livro – eu mesmo não faço isso – mas existem elementos da história que precisam ser introduzidos ou citados antes, para que haja no final a sensação de que era aquilo o tempo inteiro. O seu leitor precisa chegar no final e pensar “PQP, como eu não percebi isso?” E isto é algo que não existe em O Primogênito da Sabedoria. Alguns elementos aparecem apenas quando eles são requeridos para história – exceto pelo grande e principal plot twist no final, mas falarei dele mais pra frente.


P.2 – Premissa e enredo. Eu amei a ideia desse livro! Eu sempre gostei de escrever sobre anjos e demônios – Diários de Lilith e Póstumo alguém? – e, assim como eu dei meu próprio spin na mitologia, Mikaela o faz com uma destreza sem igual. Tanto, que meus capítulos favoritos são aqueles em que há os anjos e suas maquinações.


N.2 – Narração inconsistente. Eu sou culpado de escrever um livro usando narrações em terceira e primeira pessoa – Póstumo alguém? –, mas eu busco quebrar esses tipos narrativos entre os capítulos; foram poucos que tinham no mesmo capítulo os dois. Ainda assim, eu uso a primeira pessoa exclusivamente para o personagem principal. Este é um grande defeito deste livro. Apesar da narração ser pelos pontos de vista de Clarisse e Nataniel, há momentos dos livros que ambos são narrados em primeira ou terceira pessoa. É uma inconsistência que me incomoda bastante, além de deixar a leitura bem confusa.


P.3 – Lore e construção do universo. Neste livro, os anjos governam o universo desde a criação, quando Deus deitou-se para descansar. Eles são responsáveis pelos mais diversos tipos de catástrofe para manter a humanidade no caminho que o Senhor definiu para eles. Graças a esse poder todos, eles se tornaram arrogantes e a maioria deles odeia os homens. É um background interessante, já que se encaixa perfeitamente nas motivações e desenvolvimento de Clarisse, algo que fica claro durante os capítulos em que vemos o passado de Clarisse e como ela foi expulsa do paraíso. O discurso que ela faz para os arcanjos! Incomparável.


N.3 – Teasing. Das 260 páginas que esse livro possui, 120 (mais ou menos) é apenas de teasing. A autora cutuca muito o leitor com semi-informações. Nós sabemos que Clarisse é um anjo praticamente do início – ou pelo menos, que há algo de sobrenatural nela –, mas todas as cenas em que algo pode ser revelado, ela desaparece sem motivo ou simplesmente diz para Nataniel que ainda não é o momento de saber as coisas. Para mim, isto foi completamente irritante. Claro que um livro precisa cutucar a curiosidade do leitor, mas passar quase metade do livro fazendo isso, é de doer a alma – e mesmo quando o principal está detonado no hospital, acabando de sair de um coma, Clarisse ainda faz questão de dar meias-respostas. Isso me irritou bastante.


O Primogênito da Sabedoria é um livro único, apesar dos defeitos, com uma aventura aguardando-os entre suas páginas. Dou a esse livro 2,5 Týrs de cinco. Se ficou curioso para saber a história deste livro, garanta o seu exemplar aqui. Se leu, quero saber suas opiniões nos comentários!

Um forte abraço e nos vemos em breve,

Leandro Zapata

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