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Sobrevida

Excepcionalmente, venho até você, meu amado leitor, em uma quinta-feira, 13 de agosto de 2020, por motivos que fugiram ao meu controle e que me impediram de aparecer por aqui ontem.

O atraso me proporcionou a chance de estar com vocês no dia em que Isabella Swan-Cullen e Edward Cullen comemoram 14 anos de seu casamento. Por isso, resolvi postar, em primeiríssima mão, um texto que fiz para homenagear esse casal lindo e a saga Crepúsculo, de onde surgem muitas de minhas inspirações românticas na escrita.

Espero que gostem!

“Nunca pensei muito em como morreria – embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso –, mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim... Sem dúvida era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa, de alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma coisa.” - Crepúsculo (Stephenie Meyer)

Existe uma esperança vinculada ao entardecer, quando o sol está prestes a partir em um crepúsculo promissor. A promessa? De que toda a tortura e miséria humana estão finalizando mais um ciclo, dando espaço à renovação. A alma puída por toda a sujeira e o tempo, dado ao dispor dos outros, já não precisa esconder o asco que sente de si. Os floreios, os sorrisos que não atingem o olhar, as discussões infundadas, as relações quebradiças ficam do lado de fora da porta que se fecha com a chegada do céu laranja.

Através da redoma de vidro a lua nova se mostra no céu, o sorriso do gato de Schrödinger questiona, irredutível, sobre nossa sobrevida. Ao meu redor, embalagens de chocolates e salgadinhos espalhadas por toda parte fazem crescer seu sorriso sádico e acusador. “Em que você se agarra?”, posso ouví-lo perguntar, “Não está cansada dessa vida patética?”, “Afinal, isso é mesmo uma vida?”. Grito, esbravejo e me agarro mais às relações superficiais do lado de fora daquelas paredes.

Num bom dia ou noite, o eclipse esconde o maldito sorriso e eu encaro aliviada o céu vasto, até me permito sair e desfrutar da presença de uma ou duas pessoas especiais, com a angústia de que , a qualquer momento, elas não vão me querer mais ali. Quem sabe notaram, finalmente, a minha insignificância. Os sentimentos se confundem e, mesmo quando ninguém parece ter se cansado de mim, ainda, continuo esperando que o eclipse acabe e o gato volte a sorrir, satisfeito por seu show particular ter voltado a passar dentro das paredes incolores da minha redoma.

Há alguém que me intriga, que, mais que qualquer outro, sofro previamente por sua partida, mesmo que ele tenha prometido nunca mais partir. Como um sol da meia-noite, ele clareia meu mundo eclipsado e, quando está a meu lado, faz o maldito gato se irritar, “Oras, eu não poderia estar mais errado!”.

E, em cada amanhecer, novos vínculos são reafirmados, me lembro que ele estará para sempre a meu lado, então estarei sempre pronta para enfrentar a poeira e a toxicidade lá de fora. A redoma, não é mais uma redoma, agora paredes de um amor concreto e enraizado se firmaram por entre as árvores do bosque de emoções. Não anseio mais pelo crepúsculo para poder ficar sozinha, mas para poder estar acompanhada.

“Eu não conseguia mais falar. Ergui a cabeça e o beijei com uma paixão capaz de incendiar a floresta. E eu nem teria notado.” - Amanhecer (Stephenie Meyer)


 
 
 

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